domingo, 28 de agosto de 2022

pedagogia da democracia

 

Em sua entrevista ao JN, Lula evocou um belo e riquíssimo pensamento do educador  Paulo Freire : “É preciso nos unir aos divergentes para vencermos os antagônicos”.

Toda divergência expressa uma diferença que , afirmando-se, discorda. A palavra “discórdia”  tem como raiz o termo “córdis”: “coração”. Assim, discordar é “não colocar nosso  coração ”  junto às ideias e palavras que alguém nos diz; “concordar”, ao contrário, é colocar nosso coração junto às ideias de alguém, partilhando-as.

Pessoas que pensam diferente sabem se unir quando as move um concordar primeiro: o do valor da democracia enquanto afeto que, antes de tudo, preenche seus corações . “Coragem” significa: “força que vem do coração”. É essa força que move o agir daqueles que pela democracia se unem e lutam.

Quem de fato põe seu coração na democracia e a democracia no seu coração, sabe se unir àqueles que têm da democracia uma perspectiva diferente . Pois é isto a democracia: a convivência de perspectivas diferentes.

Quem concorda que a democracia é o melhor regime político sabe discordar e divergir , sem ter ódio, de quem tem visões diferentes da democracia . Pois a democracia é exatamente o regime que se enriquece com  visões diferentes , sendo a base  da educação que liberta ensinando a autonomia.

Já o antagônico  é aquele que, antes de tudo, nega a democracia.  Por odiar a democracia, vê como inimigo quem a ama e  defende. Seu ódio à democracia é rancor contra a diferença e pluralidade de perspectivas.

Quem concorda com o valor da democracia sabe se unir a quem pensa  diferente. Mas os antagônicos se juntam apenas com antagônicos, sempre fazendo do rebanho homogêneo  o modelo de agrupamento. 

Os divergentes se unem pelo amor à democracia  ; já os antagônicos se arrebanham pelo ódio  ressentido que preenche o vazio de seus  corações rancorosos.

(  foto de Lula: fotógrafo Ricardo Stuckert)



Um comentário:

  1. Na construção, a poesia.
    A ousadia de ser é, em si, irreversível, quando a pessoa vislumbra, na luz do amanhecer, para além da penumbra, o seu próprio vir-a-ser. O novo, então, é possível! Construtor, solidário, lutador, libertário; desde logo vai saber: Ousar Ser! Ousar Fazer!
    Eis que é irreversível, a consciência que nasce naquele que salga o pão com seu suor, com sua mão: a consciência de classe.
    Ah! Nada nos será impossível! Somos nós os produtores de toda a riqueza e o saber. Então, façamos de nós condutores do mundo que ousarmos fazer.
    E como é previsível: Não sem dor virá o novo, mas será feita em alegria a libertação de todo povo que ousar construir esse dia. No horizonte, o novo mundo já é visível... juntos, o construiremos.
    Morto o olhar de quem fomos desde logo nos sabemos.
    Trabalhadores, eis o que somos ! 

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