quarta-feira, 21 de julho de 2021

alma acesa

 

Muitas são as cores. Porém três, apenas três , são as cores-fontes das quais todas as outras cores nascem. As três cores primárias são: o amarelo, o vermelho e o azul.

O amarelo simboliza o sol, é a cor mais quente. É por isso que os girassóis que Van Gogh pintou expressavam sóis que nele irradiavam, vivamente. Das páginas de Nietzsche também irradia um amarelo intenso, chama que é de mais de um sol: "Para brilhar e ter luz própria é preciso ter sóis dentro de si", dizia ele para nos incendiar de poesia libertária.

O vermelho simboliza o sangue, fluxo da vida. Vida que corre e transpõe toda barreira, vida que não pode parar, como o sangue nas veias. As revoluções democráticas tingem de vermelho suas bandeiras, às vezes compondo-a com outras cores, para ser o sangue a correr na veia comum de um povo que luta. A bandeira brasileira carece dessa cor que simboliza afeto e vida ( temos apenas o amarelo do ouro que não é do povo, mas de milicos e empresários  pseudonacionalistas; mais o verde da floresta que a motosserra fascista extermina...).

O azul é a cor do céu, é cor que “horizonta”. Também é a cor da paz ,mais do que o branco, pois  o azul é a cor da paz de espírito. A felicidade, dizem , é azul : é céu que se abre dentro. Sêneca vestia azul, a mesma cor preferida de Espinosa. A voz que "celesta as coisas do chão", voz da poesia, "é voz pintada de azul"( Manoel de Barros).

Porém, existe ainda a luz .Esta não é o branco. Pois o vermelho,o azul , o amarelo...todas as cores, enfim, são expressões ou variações da luz, não menos que o branco. A gramática das cores nasce da  poética da luz.

A luz também não é a claridade que emana do sol, dado que esta nasce do amarelo. Há na luz mais paz e paciência do que há no azul; há na luz mais paixão do que há no vermelho; há na luz  mais calor do que há no amarelo de todos os sóis juntos.

Plotino dizia que a autêntica beleza não está na proporção do rosto, muito menos na cor da pele , como pensavam os estreitos estetas gregos, que diziam ser belo apenas o rosto de pele branca, grego.

Para Plotino, a beleza está no rosto que emana luz, não importando a cor da pele, idade  ou forma do rosto. Rosto belo é um rosto  iluminado por uma  alma acesa, como os rostos  de Clementina, Cartola , Dona Zica e Carolina de Jesus.

 

 

“Borboleta é uma cor que avoa.” (Manoel de Barros)

 

( imagem: Clementina, Cartola & Dona Zica, Carolina de Jesus)










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