A palavra “estoicismo” vem de “stöa”,
que significa “porta” ou “portal”. Isso porque os estoicos escolhiam abrir suas
escolas perto dos portões da cidade ( àquela época, as cidades eram muradas ).
Ao contrário de Platão e Aristóteles, que abriram suas escolas no centro da
cidade e perto do mercado, um lugar de comércio de coisas regido pelo dinheiro,
os estoicos abriam suas escolas perto do lugar de abertura da cidade, para
assim afirmarem outro tipo de troca: a troca de ideias entre os povos. Enquanto
a filosofia de Aristóteles servia à polis grega e considerava “bárbaros” todos
os não gregos habitantes do além muros, o pensamento dos estoicos se abria ao
que eles chamavam de “cosmópolis”: a “cidade mundo” ( ideia essa que o ministro
delirante das relações exteriores do Brasil lançaria no fogo se pudesse...).
Enquanto muitas filosofias servem às
cercas (cercas físicas, lógicas ou simbólicas, como a cerca , às vezes farpada,
que o ego egoísta coloca em torno de si para afastar a diferença e o outro ), o
pensamento estoico ensina sobre a necessidade de construção de portas : portas
para fora e, também, portas para dentro; portas para o cosmos e portas para o
inconsciente; portas para o infinito e portas para o aqui e agora; portas que muitas vezes precisam ser escavadas
na rocha ou abertas nos muros que
escondem o horizonte e barram o futuro.
( imagem: Magritte)
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