segunda-feira, 8 de junho de 2020

gramática das cores, poética da luz.


Muitas são as cores. Porém três, apenas três , são as cores-fontes das quais todas as outras cores nascem. As três cores primárias são: o amarelo, o vermelho e o azul.
O amarelo simboliza o sol, é a cor mais quente. É por isso que os girassóis que Van Gogh pintou expressavam sóis que nele irradiavam, vivamente. Das páginas de Nietzsche também irradia um amarelo intenso, chama que é de mais de um sol: "Para brilhar e ter luz própria é preciso ter sóis dentro de si", dizia ele para nos incendiar de poesia.
O vermelho simboliza o sangue, fluxo da vida. Vida que corre e transpõe toda barreira, vida que não pode parar, como o sangue nas veias. As revoluções democráticas tingem de vermelho suas bandeiras, às vezes compondo-a com outras cores, para ser o sangue a correr na veia comum de um povo que luta. A bandeira brasileira carece dessa cor que simboliza afeto e vida ( temos apenas o amarelo do ouro que não é do povo, mais o verde da floresta já quase arrasada...).
O azul é a cor do céu, é cor que “horizonta”. Também é a cor da paz ,mais do que o branco, vez que o azul é a cor da paz de espírito. A felicidade, dizem , é azul : é céu que se abre dentro. Sêneca vestia azul, a mesma cor preferida de Espinosa. A voz que "celesta as coisas do chão", voz da poesia, "é voz pintada de azul"( Manoel de Barros).
Porém existe ainda a luz .Esta não é o branco. Pois o vermelho,o azul , o amarelo...todas as cores, enfim, são expressões ou variações da luz, não menos que o branco: gramática das cores, poética da luz. A luz também não é a claridade que emana do sol, uma vez que esta nasce do amarelo. Há na luz mais paz e paciência do que há no azul, mas sem fazer desta uma cor intranquila ou impaciente. Por fim, há na luz mais paixão do que há no vermelho, mais calor do que há no amarelo de todos os sóis juntos. Plotino dizia que a autêntica beleza não está na proporção do rosto, muito menos na cor de sua pele , como pensavam os estreitos estetas gregos, que diziam ser belo apenas o rosto de pele branca. Para Plotino, a beleza está no rosto que emana luz, não importando a cor da pele ou forma do rosto. Rosto iluminado, como o de Clementina.

“Borboleta é uma cor que avoa “ (Manoel de Barros)













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