Manoel de Barros se formou em
Direito. Seu primeiro cliente foi um feirante acusado de desonestidade: ele
colocava o dedo sorrateiramente na balança para enganar o cliente e tirar
vantagem. Alguns suspeitavam que o tal feirante não era muito honesto, mas
faltava o flagrante. Até que uma senhora
viu o fato e resolveu desmascarar o sonso. Era a palavra dela contra a dele. Na
primeira vez em que esteve com o feirante, Manoel perguntou: “É verdade o que ela diz?
Você burlava colocando o dedo onde não devia?” Imaginando que o poeta tinha um
preço, o homem respondeu: “Sim, eu
colocava o dedo, ninguém via... Que importância tem isso? Você vai me defender
, não vai? Eu pago bem...”. Manoel pediu licença e foi falar com o chefe do
escritório: “entrego o cargo, não vou defender esse homem. A invenção de que
gosto é outra...”. Essa balança burlada por um dissimulado me lembrou outra: a
balança da justiça, manipulada pelo dedo do Moro.
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