quarta-feira, 12 de junho de 2019

o dedo do sonso


Manoel de Barros se formou em Direito. Seu primeiro cliente foi um feirante acusado de desonestidade: ele colocava o dedo sorrateiramente na balança para enganar o cliente e tirar vantagem. Alguns suspeitavam que o tal feirante não era muito honesto, mas faltava o flagrante.  Até que uma senhora viu o fato e resolveu desmascarar o sonso. Era a palavra dela contra a dele. Na primeira vez em que esteve com o feirante,  Manoel perguntou: “É verdade o que ela diz? Você burlava colocando o dedo onde não devia?” Imaginando que o poeta tinha um preço,  o homem respondeu: “Sim, eu colocava o dedo, ninguém via... Que importância tem isso? Você vai me defender , não vai? Eu pago bem...”. Manoel pediu licença e foi falar com o chefe do escritório: “entrego o cargo, não vou defender esse homem. A invenção de que gosto é outra...”. Essa balança burlada por um dissimulado me lembrou outra: a balança da justiça, manipulada pelo dedo do Moro. 









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