domingo, 27 de maio de 2018

a tolerância


Sinais dos tempos: achei esse livro um dia desses na lata de lixo perto de casa. Eu o vi porque, antes, reparei em um senhor morador de rua  que revirava  a lata em busca de coisas que ainda podiam valer algo. Quando ele saiu, fui também ali salvar do lixo a Tolerância. Quando vi o livro, lembrei de um verso de Manoel: “O que é verdadeiramente novo nunca vira sucata”, pois a Tolerância estava junto a aparelhos e coisas que um dia já foram novos , e agora eram apenas   sucata. Mas nunca pode ser sucata a Tolerância. Ela estava muito machucada . Levei-a para casa e a pus perto da janela para secar e curar. As folhas estavam quase dissolvendo, porém não eram as folhas que eu queria salvar, mas outra coisa. Ab-soluto: “o que não  é soluto, o que não se dissolve”. Mesmo que todos os livros como esse fossem jogados fora, seriam dissolvidos papéis e tintas, mas não a Ideia de Tolerância, como absoluto ético e político,  enquanto ela viver na alma , na palavra e ação de quem não a deixar “virar sucata”. A Tolerância está viva e bem: a luz do sol faz milagres...



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