Espinosa dizia que quando a morte leva um recém-nascido, a
morte leva a “maior parte” do que aquele
pequeno ser foi, porém a morte não leva
tudo. A morte não tem o poder de anular o que um dia foi vivo. Mesmo um casal
que um dia desejou ter um filho, o qual infelizmente não nasceu, tal filho
viverá ainda no desejo que o desejou, desde que tal desejo não morra, para que dele um novo filho seja possível. E quem soube , em
vida, viver apoiado no que é absoluto,
deste a morte levará a “menor parte”, pois a maior parte ficará como parte da
vida que não morre, vida esta que não é apenas pessoal-biológica, pois ela é também vida do pensamento, vida do afeto, vida coletiva, vida cósmica. “Absoluto” não é a mesma coisa que “eternidade”. “Ab-soluto”
: “o que não é soluto”, o que não se dissolve, por mais breve que tenha sido o
tempo no qual aconteceu, como essa belíssima aula-palestra de Cláudio Ulpiano .
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