Com as duas mãos para trás,
andando lentamente, o homem conformado só pensava em uma coisa: no próximo
passo a dar, o qual ele dava de forma hesitante. De repente, passa correndo por
ele um menino de rua, sem nada nos pés, sem nada nas mãos, sem nada no estômago.
Correndo atrás do menino , vinham o guarda, o fiscal, o agente da lei, a desigualdade social , o passado que escravizou seus antepassados e as balas do revólver... Dentro do homem escondeu-se aquela criança, entrando-lhe
pela porta da sensibilidade apenas entreaberta: a criança se apossa , desfaz o nó que atava as mãos do homem às costas, caindo das mãos a resignação como se fosse uma pesada pedra. Livres, as mãos tiraram a venda que lhe cobriam os olhos, a mordaça que lhe tapava a boca e a bola de ferro que prendia seus passos.E fazendo sua a linha de fuga da criança , o homem avançou.
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