quinta-feira, 6 de abril de 2023

eros, Paulo Freire, Plotino, Manoel & Espinosa

 

Eros primeiro  amou Afrodite, achando que Afrodite era tudo; até que Eros  conheceu Psiquê, esquecendo de imediato Afrodite.

No início ,   Eros foi só de Afrodite;  depois  esqueceu Afrodite e passou a ser só de Psiquê. Com isso, Eros  produziu  tristeza em Afrodite , ao mesmo tempo que mantinha Psiquê ignorante de que ele já havia amado, e muito, um outro ser.

 Por isso, Eros fazia de tudo para que Afrodite e Psiquê se ignorassem, como se a alegria de uma fosse a dor da outra, de tal maneira que a felicidade de ambas ele não poderia oferecer.

Na mitologia, Eros é o Amor, Afrodite simboliza o Corpo, enquanto Psiquê é a Alma.  Assim, os gregos achavam que o Amor não pode amar, ao mesmo tempo, o Corpo e a Alma.

O Corpo proporciona  prazer ao Amor, ao passo que a Alma lhe faz nascer a Sabedoria ( Sophia). “Prazer” em grego é “hedon”, de onde nasce “hedonismo”. Entregar-se ao  Hedonismo ou buscar a Sabedoria:  essa escolha deve ser, segundo os gregos, a decisão  que a parte de nós que ama deve fazer.

Platão, por exemplo, fez da escolha exclusiva do Amor pela Alma a base de sua filosofia, ao mesmo tempo condenando o Corpo como não tendo, para o pensar, nenhuma serventia. Para Platão, filosofar é aprender a morrer.

Plotino não concordava com essa visão dicotômica , nisso inspirando  Espinosa. Segundo Plotino, a função maior do Eros-Amor , a sua utilidade suprema , não é escolher entre a Alma e o Corpo, mas fazer a Alma e o Corpo unirem-se um ao outro para viverem o ato de pensar  como paixão  pelo viver.

Concordando com Plotino e Espinosa, o poeta Manoel de Barros ensina: "Se a gente não der o amor , ele apodrece dentro de nós."

Manoel não se refere ao mero amor no sentido piegas-romântico. Pois como ensina amorosa-politicamente o educador Paulo Freire, antes de darmos o amor à caridade, para fazê-la, é preciso dar amor à justiça social , para assim realizá-la.

Não se dá esse amor  sem nos  darmos em entrega e agirmos corajosamente para torná-lo realidade concreta ,  dentro e  fora de nós , fazendo desse afeto causa atuante de nossas ações e palavras .

Diante de tanta barbaridade insana que tomou conta de uma parcela obscurantista da sociedade brasileira, é preciso mais do que nunca, juntos, darmos esse amor perseverante-atuante à educação emancipadora e cuidadora,  fazendo dela  a nossa saúde, a nossa resistência , o nosso escudo e a nossa bandeira.

 

( este livro é apenas uma sugestão de leitura)



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