sábado, 6 de novembro de 2021

evento Nise & Espinosa ( no MII - Museu de Imagens do Inconsciente)

 

Nise da Silveira  dizia que nossa saúde mental , ou a falta dela, depende  mais do que fazemos com nossas mãos do que daquilo que teorizamos com nossa mente .

Esse pensamento de Nise me lembra Espinosa . Depois de filosofar sobre o Infinito empregando a potência de sua mente, Espinosa sentia a necessidade de  empregar  suas mãos para polir cuidadosamente  lentes, como um simples artesão.   Vinha gente de longe para comprar as lentes, tal a qualidade delas. Mas Espinosa vendia somente o necessário para sua sobrevivência: suas mãos eram felizes em polir, não em contar dinheiro.

Creio que isso também explica a famosa frase de Espinosa: “Ninguém sabe tudo  o que pode um corpo.” Não apenas o corpo cuja uma das partes é a mão, pois o corpo de que fala Espinosa tem um sentido amplo e variado.

Por exemplo, o corpo do palavra. Ninguém sabe tudo o que pode o corpo da palavra antes de ela ser  empregada como  veículo de expressão educadora-libertária.

Ninguém sabe tudo o que pode o corpo social quando se agencia , democrática e coletivamente, para não se deixar dominar por tiranias.  

Ninguém sabe tudo o que pode um corpo, seja ele qual for, até alguém  ousar criar realidade nova empregando esse poder, essa potência.

Ninguém sabe tudo o que pode um fio, um simples fio aprisionado em um tecido, na forma acostumada de uma roupa, de um uniforme. É mais fácil descobrir tudo o que pode o corpo de um fio aquele que  não veste uniformes e tem a alma nua, às vezes ao preço da dor,  como Arthur Bispo do Rosário.

Desfazendo a forma das roupas e uniformes com os quais o poder excludente o vestia,  Bispo do Rosário  desconstruiu  essas fôrmas , fôrmas físicas e simbólicas, até (re) descobrir o fio livre que ali estava preso.

Com sua mão sendo o instrumento para libertar criativamente sua mente,  Bispo do Rosário reinventou  um Fio de Ariadne para bordar sua  linha de fuga:  e por esse fio , Fio do Afeto,  nossa mente também se liberta e sara. 

 

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Em comemoração ao relançamento do livro de Nise sobre Espinosa, haverá este evento do qual participarei. Segue a programação ( as falas acontecerão sempre às 20h):


25 de outubro – Apresentação - Histórias dos caminhos de

 Nise a Spinoza / Luiz Carlos Mello e Euripedes C Junior


9 de novembro – Carta I  / 
Maddi Damião Junior


23 de novembro – Carta II / Elton Luiz Leite de Souza


7 de dezembro - Carta III / Walter Mello


Texto de apresentação do evento elaborado pelos organizadores :"O recente lançamento da 3a edição de Cartas a Spinoza e a emoção que sua leitura desperta, inspirou-nos a compartilhar com os frequentadores do Grupo de Estudos as preciosas reflexões de Nise sobre os ensinamentos do grande filósofo. A experiência transformadora provocada pelo encontro de Nise com Spinoza foi a base filosófica e afetiva onde ela alicerçou o trabalho revolucionário de toda a sua existência.”





 

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