sábado, 13 de março de 2021

Pitágoras e o aprendizado

 

Foi na boca  de  Pitágoras que pela primeira vez se ouviu a palavra “filósofo”.  Mas em sua aurora o filósofo também era, ao mesmo tempo, artista, poeta. Certa vez pediram a Pitágoras que ele  explicasse melhor o que significava enfim ser “filósofo”. Pitágoras respondeu mais ou menos o seguinte: “Há os que vão ao mercado  para vender, outros para comprar; há ainda os que vão exibir suas posses, seus bens e dotes em busca de aplausos, e assim rivalizam com outros que também querem aplausos. Eu nada vendo, nem o que ofereço se acha em mercados...Eu apenas observo como os homens são e busco compreender suas ações como parte do Cosmos, o mesmo Cosmos que não pode ser vendido ou comprado, o Cosmos que não tem dono, Cosmos esse que com o pensamento eu aplaudo. Pois é o Cosmos que me ajuda a compreender porque alguns são bons, e constroem;  enquanto outros são maus, e apenas destroem”.

Pitágoras foi um dos primeiros a acreditar na reencarnação das almas. Ele dizia que essa  reencarnação é parte de  um "colégio cósmico" no qual o homem vem à vida para aprender a se tornar  um ser humano. Segundo Pitágoras , os que não aprendem e se tornam ignorantes, obscurantistas e maus , esses retornam  numa vida futura como hienas e porcos.  Se Pitágoras tivesse conhecido os fascistas-genocidas de hoje, creio que ele  diria se tratarem de hienas e porcos que , após morrerem numa vida passada,  reencarnaram agora com aparência de homens.  Mas os seres humanos  que avançam no aprendizado  e conseguem superar a si mesmos,  retornam como pássaros canoros. O poeta Orfeu, por exemplo, Pitágoras acreditava que retornou como Rouxinol. Quem avança ainda mais e aprende a doar-se em desapego egóico, retorna em vida futura  como flores. Quanto mais sábio, justo e generoso alguém foi, retorna em flor , aromas e cores .  E os seres que mais aprenderam não retornam mais,  pois voltam para o ventre de onde vieram: as estrelas. E eternamente brilham para afastar a escuridão e atraírem   nossos olhos,  para assim  erguermos  a cabeça.


"Poesia é celestar as coisas do chão". (Manoel de Barros)







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