sexta-feira, 21 de junho de 2019

a descida de Perséfone


No mito, Perséfone é filha de Zeus com Deméter.  Em latim, Deméter é “Ceres”, de onde vem “cereal”. Deméter simboliza a fertilidade da terra enquanto esta produz alimentos para a vida do corpo. Já sua filha Perséfone é aquela que representa a terra enquanto esta produz flores, que são alimentos que nutrem  os olhos , o olfato, o tato e , por intermédio destes, a  própria alma. Hades , o deus da escuridão subterrânea , apaixonou-se por Perséfone. Ele queria  enfeitar sua noite eterna com flores. Mas na região onde reina o Hades nada cresce: não há flores e cores, tampouco vida. Raptada e forçada a ficar lá embaixo, Perséfone passou a vestir-se de negro e só fazia nascer flores  féretras. Com a ausência das flores, a própria Deméter secou e se tornou estéril: não havia mais  flores e também frutos e cereais. Sentia-se fome de pão e beleza, de pão e poesia, e ninguém sabia qual das duas fomes doía mais. Zeus interveio e houve então um acordo: Perséfone ficaria  parte do ano totalmente lá embaixo, e parte do ano ela ficaria aqui em cima. Hoje, começo do inverno, Perséfone desceu. Precisaremos de força para atravessar esse tempo frio e sombrio, que coincide com o inverno obscurantista  desses fascistas  que querem  roubar também de nós tudo o que é vida e floresce. O retorno de Perséfone   coincide com o começo da primavera, quando então Perséfone se despe do negro, emerge das trevas e , em festa, floresce novamente cobrindo de poesia a terra.



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