No mito, Perséfone é filha de Zeus
com Deméter. Em latim, Deméter é “Ceres”,
de onde vem “cereal”. Deméter simboliza a fertilidade da terra enquanto esta
produz alimentos para a vida do corpo. Já sua filha Perséfone é aquela que representa
a terra enquanto esta produz flores, que são alimentos que nutrem os olhos , o olfato, o tato e , por intermédio
destes, a própria alma. Hades , o deus
da escuridão subterrânea , apaixonou-se por Perséfone. Ele queria enfeitar sua noite eterna com flores. Mas na
região onde reina o Hades nada cresce: não há flores e cores, tampouco vida. Raptada
e forçada a ficar lá embaixo, Perséfone passou a vestir-se de negro e só fazia
nascer flores féretras. Com a ausência
das flores, a própria Deméter secou e se tornou estéril: não havia mais flores e também frutos e cereais. Sentia-se fome
de pão e beleza, de pão e poesia, e ninguém sabia qual das duas fomes doía
mais. Zeus interveio e houve então um acordo: Perséfone ficaria parte do ano totalmente lá embaixo, e parte
do ano ela ficaria aqui em cima. Hoje, começo do inverno, Perséfone desceu. Precisaremos
de força para atravessar esse tempo frio e sombrio, que coincide com o inverno
obscurantista desses fascistas que querem roubar também de nós tudo o que é vida e
floresce. O retorno de Perséfone coincide com o começo da primavera, quando
então Perséfone se despe do negro, emerge das trevas e , em festa, floresce
novamente cobrindo de poesia a terra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário