quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

o coração, o desejo e a razão (2)


Aquiles vai à frente e puxa os demais. Heitor também fica à frente, para proteger quem está atrás. Um é amigo da guerra, o outro o é da paz. Quando ambos se enfrentam, até os deuses param: querem ver qual dos  dois  pode mais. Eles lutam não apenas no campo de batalha, eles se enfrentam também no dos ideais.
Aquiles ama saltar ; Heitor ,  pés firmes no chão. Aquiles quer sempre conquistar ; Heitor, defender o irmão.
Se em Aquiles a poesia aos deuses exalta, em Heitor ela é obra da humana condição.
Entre ambos havia uma muralha:  um obstáculo para Aquiles; para Heitor, uma proteção.
De longe os espreitava Ulisses,  o homem da ardilosa razão. Ulisses não tinha a coragem de Aquiles, tampouco de Heitor o coração. Sua arma era o cálculo pragmático, a frieza da abstração.
Enquanto  os autênticos  abertamente  se enfrentavam, Ulisses dissimulava sua mesquinha ambição: enquanto lutam os ideais opostos até à morte, ardilosamente  Ulisses foge com o ouro na mão.



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