sábado, 17 de junho de 2017

lhasa

"A nuvem somente pode avançar no céu aberto mudando de forma: apenas  assim ela consegue  habitar , atravessando, o que não tem fronteira. Nós habitamos dentro de fronteiras, perdemos o aberto, dizemos apenas ‘eu’. Somos como Estados que mantêm exércitos guardando as fronteiras. Precisamos nos desarmar desses exércitos , mesmo que além da fronteira estejam desertos, os quais precisamos atravessar."
              Lhasa de Sela (também conhecida como "a cantora nômade")














Quem se aproxima da origem
se renova.
Manoel de Barros

Quando sobem o rio em direção à fonte de onde saíram crianças, após viverem anos e anos em mares longe, os peixes são envolvidos em um estado que é mais do que alegria, quanto mais perto da fonte ficam. Quando à fonte enfim chegam, eles bebem da própria água onde nadam e que lhes envolve, embriagam-se com o meio de sua própria existência, rejubilam-se, como se fossem um recém-nascido a sorver seu primeiro leite, como se fossem um  poeta a beber o vinho das Musas. Então, voltam a beber, voltam a beber...e de novo bebem das águas fontanas, sem nunca saciarem essa  sede.




A Fronteira
(Lhasa)

Hoje volto para a fronteira
Outra vez tenho que atravessar
É o vento que me manda
Que me empurra à fronteira
E que abre o caminho
E que desparece atrás

Rastejo-me sob o céu
E as nuvens de inverno
É o vento que as envia
E não há nada que as faz parar
Às vezes combate desapiedado
Às vezes dança
E às vezes... Nada

Hoje cruzo a fronteira
Sob o céu
Sob o céu
É o vento que me manda
Sob o céu de aço
Sou o ponto negro que anda
Às margens da sorte














http://www.tsf.pt/programa/pessoal-e-transmissivel/emissao/lhasa-de-sela-a-cantora-nomada-893287.html?id=893287

Nenhum comentário:

Postar um comentário