Procusto era um personagem mitológico que oferecia uma
“cama” fabricada por ele às pessoas
que passavam cansadas por uma estrada. A
cama seria um amparo. Mas quando as pessoas se deitavam na tal cama, acontecia algo estranho: ninguém cabia direito
nela. Ora sobrava a cabeça, ora os pés. Quando isso acontecia, Procusto pegava
um machado e decepava a cabeça daquele
que se deitou em sua cama, cortando também os pés.
Havia ainda aqueles cujo tamanho era menor que o da cama. Procusto os esticava com cordas e correntes,
acabando por desmembrá-los . Ninguém
sobrevivia àquela cama, que se tornava assim um túmulo. Quando as pessoas
reclamavam com Procusto, ele pegava uma régua e media com técnica e precisão a cama. Então, ele dizia: “A cama é perfeita,
nenhum lado é menor do que o outro, isso é incontestável. Se há algum defeito, está
em vocês, que são diferentes, heterogêneos. Amoldem-se ,mesmo que se violentando,
e caberão na minha Verdade.” A cama de Procusto pode receber ainda outros
nomes: Ideologia, Minha Opinião, Meu Partido (incluindo o da "Neutralidade"). O que não couber dentro , o que não se
amoldar, violenta-se, corta-se, mata-se.
A atitude procustiniana é a forma mais reativa de ódio à pluralidade democrática.
Há Procustos na direita, mas certamente
também os há em certa esquerda : iguala-os a vontade de decepar a cabeça da honestidade
a qualquer preço, pois ela não cabe em suas “Verdades”.
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