sábado, 23 de abril de 2016

para além do preto e do branco...

Que pobreza, meu deus:
reduziram tudo ao preto e branco....
Mas há mais de branco neste preto
e de preto neste branco
do que imaginam aqueles que reduziram tudo ao preto-branco.

As cores ficam para depois, dizem eles.
Para quando exatamente?
Para depois que o preto destruir o branco,
ou o branco ao preto.
Mas terá de ser uma destruição completa,
dizem eles,
sem deixar resíduo do outro,
sem deixar memória, lembrança , rastro...

Assim, quando não houver mais branco para o preto odiar,
e preto para o branco,
somente assim o ódio se extinguirá
e dará vez à Verdade toda branca , se o branco ganhar;
ou toda preta, se o preto vencer.

Enfim, o Paraíso monocolor? Não...
Pois ficará a Verdade do Branco à espreita de divergências pretas,
ou a Verdade do Preto à espreita de dissensões brancas.
 E o branco justificará a impossibilidade da cor em razão do perigo do preto;
e o preto dirá o mesmo....
De tal modo que um precisa do outro ,
como o reflexo precisa do espelho.

 Mas a despeito deste preto-branco
pelo poder incolor,
a vida  reinventa-se múltipla,
mesmo na dor,
e em cor resiste na mão e na vida
dos que estão na margem.











Nenhum comentário:

Postar um comentário