Vinte e um de setembro, seis e meia da noite. Centro da cidade.A multidão apressada retorna para casa. O trânsito se arrasta, pesado e impaciente. Como todo mundo, estou retornando para minha casa, a pé, no fluxo anônimo da multidão. Não penso em nada determinado, estou entre o futuro e o passado, com os olhos a ir pelo chão.Paro à beira da avenida agitada, preciso atravessá-la. Olho para cima e busco o sinal . Ele está fechado para mim , em vermelho ele me diz "não". Baixo os olhos, fito o outro lado da rua: o ir e vir dos carros me lembra o rio de Heráclito... Volto a subir os olhos, e estranhamente sinto que não apenas eles eu alço, outra coisa em mim sobe com eles. O sinal continua vermelho, porém não me fixo nele. Meus olhos saltam e reparam no que está atrás daquela proibição que me quer parado, obediente, resignado. Vejo então o fundo infinitamente estrelado de uma noite de setembro que se abrindo nos avisa que a primavera em breve vai nascer . Esqueço o trânsito, o guarda e aquela rua asfaltada, olho para o céu e vejo em suas estrelas sinais enfim se abrindo, posso então ascender.
Achei a vista parecida com a minha.
ResponderExcluirE essa música é de uma melancolia... Bem, eu acho.
O post me fez recordar uma do Cordel, mas não achei nenhum vídeo decente para compartilhar.
Grande abraço,
Ana
Olá, Ana!
ResponderExcluirSim, essa música tem uma atmosfera angustiada, em parte pelas censuras e impedimentos externos ligados ao poder político , em parte também pelos impedimentos subjetivos que limitam a comunicação intersubjetiva. Enfim, embora essa música do Paulinho já tenha quase 40 anos, nada mudou muito, a não ser na casca, na embalagem, na pose...rs...
Apesar das interpretações políticas e psicológicas dela, que são sempre redutoras, como obra de arte, como canção popular, é uma obra prima...Mas, com todo respeito ao Paulinho,contrapus ao sinal vermelho das impossibilidades, reais ou imaginadas, o sinal verde de uma linha de fuga inventada.
Obrigado pela visita!