sexta-feira, 18 de agosto de 2017

a desaprendizagem...



Uma influência especial em Manoel de Barros: Paul Klee. Este pintor ensinou ao poeta  a necessidade de "aprender a desaprender" . Assim fez o pintor: embora ele desenhasse de forma precisa e técnica, essa mesma precisão se tornou uma fôrma e prisão para as novas imagens que ele queria criar. Uma fôrma/prisão que precisava ser quebrada para que, livres, as imagens pudessem fluir. Então, ele passa a desenhar com a mão esquerda (“desaprendizagem” semelhante fez Miró). O artista descobriu-se novamente criança nesta mão: cada desenho era o desenhar de novo nascendo ─ fazendo-se como novidade, experiência e descoberta. Ao desaprender o “acostumado”  da mão direita, Paul Klee redescobriu a pintura e a ele mesmo: reencontrou a alegria da criança cujo brincar e inventar é a coisa mais séria e verdadeira. A gramática, não importa qual, é sempre   destra , porém toda invenção vem da mão esquerda.


“Liberdade não é o que se opõe à necessidade, liberdade é o que põe a necessidade da ação” (Espinosa, Tratado político, §11).

Paul Klee, Travessura










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